segunda-feira, março 07, 2005

No Circo Glaciar de Gredos (III)


27 de Fevereiro de 2005

Um radioso novo dia!


O descanso pusera-me de novo em boa forma (mental, que física sempre estivera nos conformes), pronto para mais (des)aventuras. Tomei um pequeno-almoço bem reforçado, junto com o Abílio, o Augusto e Valdemar que para fazerem jus ao trio dormiram no Três Hermanitos, por sinal bem menos espaçoso que o Galana, apesar de ter maior lotação(?).

Espreitei pela janela, reparando que o dia amanhecera bem resplendoroso. Pude vislumbrar que no nosso (pois, nas imediações, mais outro se instalara) acampamento base já o pessoal se aperaltava a rigor e aprontavam-se nos fogareiros umas apetitosas bebidas. Pouco depois alguns Amigos vieram merendar para o interior do refúgio, provido de melhores condições.

Apesar da minha efectiva melhoria o João Garcia achou melhor que, por precaução, eu não realizasse a actividade da manhã.

Assim, cerca das 9 horas (lusas) o grupo do curso de Técnicas Invernais (José Carlos Araújo, Loureiro, Sá, Marco, Zacarias, Daniel, Cadinha, Abílio, Augusto e Valdemar; com a minha ausência e do Zé de Braga que durante a noite fora acometido por fortes dores estomacais e restou a descansar na tenda), foi guiado pelo João Garcia (e Hélder Santos) pelo trilho que conduzia ao Almanzor. O grupo realizou durante a ascensão múltiplas técnicas de progressão e auto-detenção em terreno nevado (encordado e desencordado). Meia hora depois (9.30 h.) partia o outro grupo, de sete elementos, orientado pelo Kata e o Carlos Peixoto, o Paixão, o António, o Rui, o Sousa e a Fátima, cujo propósito era realizar a ascensão à Portilla del Venteadero, localizado entre o Almanzor e o pico da Galana (2568 metros).

Pelo facto de em ambas as ascensões, durante o percurso, a espessura e macieza da neve serem deveras acentuadas, criando por vezes instáveis situações de neve e gelo, foram realizados, e por motivos segurança, somente pelos dois grupos trechos das ascensões (quer ao Almanzor, quer à Portilla del Venteadero).

Enquanto isto aprontei a minha mochila, aqueci e tomei uma sopa instantânea, e ainda aproveitei depois para dar umas voltinhas pelas imediações, trilhando os trechos iniciais do trilho à Portilla Bermeja e Almanzor e depois o trilho à Galana. Mas, em ambos os casos, umas meras centenas de metros adiante do refúgio as condições da neve dissuadiam a progressão, sobretudo desencordado (ou sem raquetes ou esquis), pois de vez em quando dava comigo enterrado quase até à cintura, quase submerso neste espumoso mar.

Ao longe as nuvens concebiam a miragem de um outro mar, este azul marinho, em contraste com o mar bem alvo que nos envolvia...