segunda-feira, março 07, 2005

No Circo Glaciar de Gredos (II)


26 de Fevereiro de 2005

Uma má disposição que só tempo sanaria!



O nosso grupo, com a excepção do simpático trio de Santa Maria da Feira (o Abílio, o Augusto e o Valdemar) que por contingência maior ia dormir no refúgio, começou logo a montar as tendas. Durante a montagem da minha, com o Daniel e Cadinha comecei, de súbito, a ser acometido por náuseas e uma forte cefaleia. Logo associei que, as inúmeras voltas e voltinhas antes dadas para comprimir e alisar a neve, tinham, pelo menos, precipitada esta indisposição. Com a tenda montada pude então descansar no seu interior, mas a situação não melhorou nada e naquele mar de neve o barco já começava a revirar-se demais! Constando o estado em que subitamente imergira, foi acordado que seria melhor passar a noite no refúgio. Então muito solícito o Peixoto veio-me ajudar a levar o material para o refúgio.

A última vez que tinha estado no Elola tinha sido em Agosto de 2003, de passagem e para me refrescar com umas bebidas, quando fui com o Carlos (Santos) contornar grande parte do Circo de Gredos, do Morezón até ao Almanzor. Desta vez o refúgio estava bem mais apinhado, entre eles muitos Amigos que entretanto se tinham refugiado do frio e da nevada que se fazia sentir cá fora. À entrada logo o Kata, que amigavelmente tinha tratado do meu chek-in, me forneceu indicações básicas: o meu cacifo (para colocar a mochila e afins), o meu dormitório (o Galana – cada dormitório assume o nome dos cumes mais afamados do Circo Glaciar), as regras e horários,...

Numa das mesas do Comedor conversavam animadamente alguns Amigos acompanhados do João e o Hélder. Todo o pessoal logo me tentou animar e fiquei aos cuidados sobretudo do médico, o Abílio, que com os frugais meios que ali dispunha me tentou recompor o melhor possível. Mas, afinal parecia que era mais uma questão de tempo, de aguardar, do que de panaceias. Aproveitei também para me aquecer um pouco junto do fogareiro bem concorrido, logo que vagou um lugar.

Mal a subida aos dormitórios foi permitida, cerca das 17.30 horas (lusas) subi ao Galana, que tinha capacidade para 12 pessoas, justamente o meu número. Pois! o refúgio tinha a sua lotação esgotada em todos os dormitórios e por sorte tinha ficado com o último número neste. O quarto não deixava de ser bem frio e logo mergulhei dentro do saco-cama. Dormitei cerca de uma hora, e retornei ao cacifo para dele retirar mais mantimentos para a longa noite.

Dormi razoável, acordando aqui e ali, a espaços, com a entrada de mais um frontal no dormitório, ou com algum calor ou frio a mais, aproveitando então para ingerir oportunos líquidos.

A partir das cinco horas (lusas - Domingo) notou-se uma maior agitação no dormitório, e cerca de uma hora depois arranjei-me para descer ao Comedor.