Por Terras de Sanabria (II)
15 de Janeiro de 2005
O admirável vale do rio Lacillo…
O propósito central desta actividade dos Amigos era o treino (refinamento para alguns) de certas técnicas de progressão invernal. E em Sanabria que espaço mais adequado para tal, que não os ´corredores´ das íngremes vertentes do vale do rio Lacillo? Um vale aberto, de modelado glaciar, em típica forma de U. Corredores traçados à exacta medida da apuramento técnico e da intensidade física do montanhista apto face a múltiplas condições e eventualidades.
O admirável vale do rio Lacillo…
O propósito central desta actividade dos Amigos era o treino (refinamento para alguns) de certas técnicas de progressão invernal. E em Sanabria que espaço mais adequado para tal, que não os ´corredores´ das íngremes vertentes do vale do rio Lacillo? Um vale aberto, de modelado glaciar, em típica forma de U. Corredores traçados à exacta medida da apuramento técnico e da intensidade física do montanhista apto face a múltiplas condições e eventualidades.
Com os estômagos municiados para as ´batalhas´ que se seguiam prosseguimos em direcção a este vale que até ao momento apenas me passara ao lado a caminho dos topos de Trevinca, da Peña Negra ou do Pícon. À medida que penetrávamos no seu seio o vale do Lacillo revelava-se uma verdadeira pérola camuflada por detrás de um promontório que retinha transitoriamente as águas do Lacillo, formando contígua uma imensa Laguna suspensa, branca, imaculada pelos cristais de neve.
A certa altura para me penitenciar de até ali ainda não ter carregado as cordas (de 8 mm e 50 metros cada) do grupo os meus ombros passaram a acolher logo um par delas. Prosseguimos embrenhando-nos cada vez mais pelo vale adentro até ao seu cerne. Pouco antes das 17 horas e meia (lusas) arribávamos ao nosso ´campo base´. Antes que a luz abalasse para outros horizontes logo começámos o ritual de montagem das tendas. O nosso guia, Kata, montou com o Abílio, o nosso médico de serviço e recém-associado, uma vango ten force vortex tent também em ante-estreia, que nos fez cobiça.
Ingerimos então mais uns suprimentos alimentares para aquecer o corpo que o frio era cada vez mais pronunciado. Enquanto uns recolhiam lenha em abundância para a fogueira, o Paixão já fazia a sagrada siesta. Aproveitei depois para encher umas garrafas com água tendo em atenção que esta fosse recolhida já em plena vertente para evitar os germes do pastoreio. No entanto tal revelou-se tarefa algo intrincada pela profusa presença de neve. Na célebre e recente Quinta sempre era mais fácil ir ao poço!
Quando regressei ao campo base, acompanhado de outros Amigos que tinham ido fazer um reconhecimento do belo vale, já os estratégicos lugares à volta fogueira tinham sido feitos cativos pelos mais versados nestas lides. Mas lá com jeitinho as posições iam rodando em conformidade global. O braseado da fogueira lembrou outros petiscos. A hora do jantar soara! Ingeri uns mescla de acepipes : panados, croquetes, rissóis, e com o meu novo fogão ao princípio vi-me algo grego para aquecer uma sopa instantânea mas com jeitinho lá foi. Ao meu lado o Smith, o Rui e o Loureiro cozinhavam com mestria uma massa à bolonhesa que tiveram a atenção de me oferecer e que soube às mil alturas/maravilhas.
O acentuado frio juntou de novo os Amigos à volta da fogueira, que o Daniel adestrava com mestria. Estórias e algumas piadas não faltaram, ainda mais quando o Smith está presente. O Kata deu algumas indicações para o dia seguinte e recolhi à tenda cerca das dez e meia lusas.
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