Yuka Komatsu: uma alpinista gigante com apenas 1,55 m.
Aos 23 anos a japonesa, Yuka Komatsu (com apenas
Yuka Komatsu, nasceu em 1982, em Akita (a última cidade do mundo a ser bombardeada durante a IIª Guerra Mundial), no norte do Japão, no seio de uma família com poucos recursos.
Para poder financiar os seus estudos universitários, em Tóquio, viu-se forçada a acumular um trabalho
Começou em
Regressou ao Japão e logo endividou esforços de integrar uma expedição ao K2, em 2006, organizada por um grupo da sua Universidade (Tokai, uma das mais reputadas do Japão). Como Komatsu não conseguiu obter qualquer patrocínio que a ajudasse a financiar os custos, teve de acumular três trabalhos, por dia, para arranjar dinheiro suficiente, para ser admitida na expedição. A admissão na expedição teve em conta o currículo e exames físicos.
Esta expedição, composta por 11 elementos, e liderada por Yoshitsugu Deriha, um experiente alpinista, com 48 anos, englobava 4 alpinistas com menos de 24 anos (Tatsuya Aoki [21 anos], Satosho Nomura [21 anos], Takumi Okano [22 anos], e Yuka Komatsu [23 anos]).
Já durante a expedição, partiram da Campo Base, rumo ao Cume apenas três elementos (Tatsuya Aoki, Yuka Komatsu e Shodo Kuramoto a liderar). Pouco tempo depois, Shodo Kuramoto, sofreu uma apendicite e teve de ser evacuado de emergência. Os dois elementos restantes tiveram que subir sozinhos.
Yuka Komatsu (23 anos) e Tatsuya Aoki (21 anos), durante conferência de imprensa local (fonte da foto)
Komatsu ascendeu com seu colega, Tatsuya Aoki, pelo esporão SSE, também conhecida como via Cesen, ou via basca. Como foram a única expedição este ano a subir por essa via tiveram trabalho acrescido. A equipa usou oxigénio artificial apenas a partir do Campo C3, mas a verdade é que este esgotou-se pouco depois de chegarem ao cume, já quase de noite. Pouco tempo depois a energia das pilhas dos frontais acabou-se e eles viram-se forçados a bivacar a 8200 m (e sem recurso a oxigénio artificial), perto de um local onde 2 semanas antes uma avalanche matara 4 experientes alpinistas russos. Demoraram ainda mais dois dias a chegar ao Campo Base (BC).
O habitual sentido de elevada estima japonês está bem patente no facto de o site oficial da expedição apresentar os 'sherpas' paquistaneses que ajudaram ao sucesso da expedição. O site possui também uma bela galeria de fotos.
Yuka Komatsu tornou-se a 8ª mulher no K2 e a 1ª de nacionalidade japonesa. Por seu lado, Tatsuya Aoki, com 21 anos tornou-se assim a pessoa mais jovem a alcançar o cume do K2 (e tem um promissor futuro pela frente).
Foto captada na ascensão, junto ao C2 (fonte)
Porventura o mais surpreendente é que Komatsu declarou à imprensa que esta seria provavelmente a sua primeira e última montanha de oito mil metros, pois dificilmente voltaria a arranjar dinheiro suficiente para nova expedição. Komatsu tem assim, no horizonte próximo, escalar montanhas, isentas de taxas, como o Fitzroy, na Patagónia argentina, ou a face oeste do Dru, nos Alpes. No momento Komatsu trabalha de nova na loja de produtos de alpinismo em Tóquio, até porque ainda lhe falta pagar parte da expedição ao K2.
Até ao passado mês de Julho apenas 6 mulheres tinham escalado o K2 : Wanda Rutkiewicz (1ª), Liliane Barrard, e Julie Tullis em 1986 ; Chantal Maudit (1992) ; Alison Hargreaves (1995); Edurne Pasaban (2004). Tragicamente todas já faleceram em acidentes na montanha (três durante a descida do K2), com excepção da excelente alpinista basca Pasaban. Pasaban tem oito montanhas de mais de 8 mil metros no currículo (incluindo o Everest [apenas com 27 anos], o Lhotse, e claro o K2), tal como a mítica polaca Wanda Rutkiewicz. Este ano esteve no Shisha Pangma, tal como a expedição portuguesa liderada por João Garcia, a tentar superar esse recorde, mas acabou por desistir, justificando más condições climatéricas.
O recorde ascensões a montanhas de 8 mil metros pertence na actualidade à austríaca Gerlinde Kaltenbrunner com nove ascensões, todas sem recurso a oxigénio artificial. Gerlinde afigura-se a maior alpinista da actualidade, e porventura de sempre (mesmo de Wanda Rutkiewicz). Nos últimos 3 anos ascendeu a seis montanhas de 8 mil metros (apesar de só ter atingido os 8400 metros no Lhotse). Em 2004, com diferença de menos de um mês fez o G1 e o Annapurna (o 8 mil com maior % de mortes). Em 2005 fez o Shisha Pangma em 7 Maio, depois tentou fazer de seguida o Everest (mas restou nos 7650 m) e em 21 de Julho fez o GII. Em 2006 fez em 14 de Maio o Kanchenjunga e em 24 de Maio ficou-se pelos 8400m no Lhotse. Desde 1998 já ascendera ao Cho Oyo, Makulu, Manaslu e Nanga Parbat. Também já atingiu um dos cumes (8027 m) do Broad Peak e o cume central do Shisha Pangma. Regra geral segue as vias mais difíceis.
Comparativamente a Gerlinde a basca Pasaban recorre ao oxigénio artifical e prefere as vias mais acessíveis, mas também já ascendeu ao K2, Everest, e ao Lhotse (tudo cumes que Gerlinde ainda não atingiu, ao invés já ascendeu ao Kanchenjunga). Contudo, este ano Pasaban não granjeou nenhum cume de 8 mil ao invés de Gerlinde, que passou assim a ser a recordista. No meio surge Meroi com 2 dos mais difíceis cumes: K2 e Lhotse, e sempre ser recurso ao oxigénio artificial.
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