quinta-feira, novembro 16, 2006

Todos são importantes para ajudar a conter a avalanche urbanística que ambiciona apossar-se dos maiores tesouros dos Pirinéus.

O movimento “Plataforma en Defensa de las Montañas de Aragón” (PDMA-AB) assume cada vez mais um papel fundamental na protecção das principais áreas de montanha da Comunidade espanhola de Aragão, que tem sido, sobretudo nos últimos anos, alvo de acções bastante nefastas por parte de diversas empresas, regra geral com o beneplácito do Governo da Comunidade de Aragão.

Com o pretexto que se estão a empreender medidas para combater a desertificação populacional das áreas mais montanhosas, o Governo de Aragão e suas empresas associadas exploram cada vez mais, e na maior parte dados caso de forma profundamente negativa, um dos maiores filões da Ibéria: os grandes vales dos Pirinéus (Ordesa, Benasque, Pineta, Chistau,...).

Um dos aspectos mais graves tem sido o acréscimo considerável de estâncias de ski, bem como da sua dimensão e respectivas infra-estruturas envolventes. A edificação de certas estâncias de ski tem vindo a implicar a dinamitação de vertentes e vales de montanha, a desflorestação de grandes áreas, o desvio de certas vias fluviais, a deslocação e perda de habitat de diversas espécies, o desequilíbrio de ecossistemas, etc; por vezes em áreas que albergam uma paisagem, fauna e flora valiosíssima. Por outro aldo, nos anos subsequentes os fenómenos de poluição na zona acentuam-se consideravelmente: quer hídrica (as vias fluviais são contaminada), quer atmosférica e do solo, já para não mencionar a paisagística.

Um das empresas a quem deve ser outorgado um dos maiores ónus desta nefastas intervenções é a Arámon, que controla a maioria das estâncias de ski da Comunidade, e onde o Governo de Aragão é um dos principais investidores.

O PDMA organizou as suas I Jornadas no passado dia 21 de Maio (2006). Entre os diversos ilustres oradores destaque para Eduardo Martínez de Pisón, Professor catedrático de Geografia Física da Universidade Autónoma de Madrid e um incansável explorador das grandes cordilheiras montanhosas do planeta, bem como uma das maiores autoridades do mundo em Geografia das montanhas.

Martínez Pisón palmilhou ao longo da sua vida os Alpes, Himalaias, Andes, Cáucaso, Antárctica, etc mas a sua grande paixão, de longa data, são os Pirenéus. E foi a publicação de um artigo no número de Outubro de 2003 da revista Desnível intitulado “'Perdón para Espelunciecha' , em que Martínez dirigia uma forte critica à permissão por parte do Governo de Aragão de se ampliar de modo significativo a famosa estância de Formigal, localizada no Vale de Espelunciecha. Neste artigo M. Pisón solicitava no final uma avalanche de cartas de protesto dirigidas ao Governo de Aragão, o que funcionou como o gérmen para a criação da “Plataforma para la Defensa de las Montañas de Aragón

No final de 2003 a PDAM publicou um Manifesto onde exprimia as suas fortes preocupações e desagrado pelas políticas ambientais e de planeamento territorial encetadas pelo Governo de Aragão, sobretudo nos últimos anos.

Em 2005 a PDMA organizou uma concentração em defesa dos Pirinéus Aragoneses, que teve 2ª edição este ano em 20 de Março, e que contou também com a presença de montanhistas portugueses.

© Plataforma en Defensa de las Montañas de Aragón

Recentemente, entre 16 de Outubro e 6 de Novembro de 2006, realizaram-se na cidade de Saragoça, durante quatro fins-de-semana, as II Jornadas “Defensa para la Montaña de Aragón”, na Biblioteca Pública de Aragão.

As Jornadas constaram de quatro sessões com temas diferentes mas aglutinados por uma temática central: a protecção das montanhas; e contaram com muitos especialistas e profissionais das áreas da Geografía, Ecologia, escritores, montanhistas, jornalistas. Destaque porventura para a presença de Sebastián Álvaro ou de José Luis Mendieta. Foram abordados diversas problemáticas como os impactos físicos e ecológicos das estâncias de ski nas zonas de montanha, os modelos urbanísticos que têm sido adoptados nestas áreas, a própria especulação urbanística crescente, o papel das diversas associações e da comunicação social na generalização e assunção de uma consciência ambiental bem esclarecida, a falta de estudos por parte do Governo de Aragão sobre estas regiões e os inúmeros elementos e factores que nela interagem de forma dinâmica e progressiva; a importância de documentos como a "Ley de Protección de la Alta Montaña Aragonesa" ou "La Carta de las Montañas" na definição das diversas politicas ambientais e territoriais, etc.

A PDMA não pugna pelo imobilismo e conservação 'tipo museu' destas regiões montanhosas. Ao invés defende o seu desenvolvimento sustentável nas diversas vertentes, em respeito às comunidades humanas que nela habitam, contudo a PDMA considera que esse desenvolvimento deve passar pela aposta em actividades que estejam em maior harmonia com o contexto geográfico-ambiental e possam preservar o património, que genético, quer paisagístico.

Revela-se pois importante interiorizar as causas que motivaram os erros cometidos no passado (sobretudo os mais recente) na Ibéria, como por exemplo na Serra de Guadarrama, onde a lógica racional conduziu ao posterior desmantelamento das inúmeras estâncias de ski que foram lá plantadas desregradamente.

1 Comments:

Blogger ljma said...

Não quero de maneira nenhuma tirar importância a esta luta pelos Pirinéus, que acompanho atentamente, mesmo que à distância. Mas gostava de chamar a atenção para a luta pela Serra da Estrela. É verdade que não estamos (ainda) organizados, mas alguns passos já foram dados. Tal como para os Pirinéus, todos são importantes!

10:03 da tarde  

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