quarta-feira, março 07, 2007

Director do Parque Natural da Serra da Estrela a favor de medidas de condicionamento de tráfego no acesso ao maciço central e Torre

"O director do Parque Natural da Serra da Estrela mostra-se favorável à introdução de medidas que possibilitem o condicionamento de tráfego no acesso ao maciço central e à Torre. Ainda no último domingo de Carnaval, centenas de automóveis subiram ao ponto mais alto de Portugal continental, formando filas com vários quilómetros de extensão que em nada ajudam à preservação ambiental daquela área protegida.

A criação de dois «grandes parques de estacionamento» na Lagoa Comprida e nos Piornos seriam uma «boa solução que evitaria os congestionamentos», defende Fernando Matos. «Subiriam 50 e sabiam que só lá podiam estar duas horas, por exemplo. Só voltariam a subir mais quando esses descessem», exemplifica. A implementação de "mini-autocarros" ecológicos ou mesmo a instalação de teleféricos na ligação da Torre com as Penhas da Saúde, Lagoa Comprida e Alvoco da Serra poderiam ser alternativas válidas.

Contudo, para implementar esta solução que a Turistrela pretende levar a cabo, o director do PNSE realça que «primeiro tem que ser feito um estudo de impacto ambiental». Para o engenheiro, o turismo na Serra constitui o seu «maior potencial» mas, simultaneamente, um dos seus «maiores problemas». Por isso terá que haver «um planeamento e maneiras de ordenar e de condicionar o trânsito, porque as pessoas param e deixam detritos em todo o lado», lamenta. «Temos que pensar que a Serra não é só neve. A Estrela tem um enorme potencial em termos históricos, de património, de trilhos e de gastronomia», que, devidamente explorados, podem fazer com que «deixemos de ter um turismo sazonal para passar a ser em todo o ano», garante.

Sem condições para avaliar o número de visitantes que a Serra regista anual ou mensalmente, Fernando Matos recorda uma contagem feita pela Direcção de Estradas da Guarda, cujos painéis de contagem de tráfego registaram cerca de dois milhões de pessoas num período entre Outubro e Abril de 2004 e a tendência era para um «aumento progressivo», afirma.

Porém, apesar da poluição ambiental provocada pelos automóveis e as alterações climatéricas que estão a afectar a Terra, por enquanto «não há» espécies em risco de extinção na fauna e na flora local. Más há algumas espécies que sofreram um decréscimo nos últimos anos, muito por culpa dos grandes incêndios que afectaram o parque natural. Para ajudar a inverter esta tendência, há espécies que os técnicos do PNSE estão «a seguir e a monotorizar» com vista à sua recuperação. O teixo foi uma das espécies que «mais sofreu». Trata-se de uma árvore que «demora muitos anos a crescer e de que ficaram muito poucos exemplares», alerta, havendo «habitats que sofreram mais que outros». Em relação aos animais, cuja monitorização «é mais difícil de fazer», os incêndios foram problemáticos mas «vêm recuperando», salienta. Nesse sentido, «não notámos que tivesse havido um défice acentuado de nenhuma espécie. Houve foi uma alteração de alguns habitats», indica.

Aliás, «recuperar os habitats é a prioridade. Só com essas medidas é que a floresta renovará e os animais voltarão aos habitats que tinham antes. Isto está a ser feito», assegura Fernando Matos, indicando que já foi aprovada uma candidatura ao Programa Operacional do Ambiente no valor de 700 mil euros com vista à recuperação da fauna e da flora na área do PNSE. A preparação da época de incêndios já começou no terreno, em Janeiro, com «a redução da matéria combustível», ao mesmo tempo que se continua o trabalho de «recuperação de algumas áreas ardidas. Há muito tempo que digo que a época de incêndios é todo o ano», sublinha."

Fonte: O Interior - 22-2-007


Ler as opiniões (post 1, post 2) sobre este assunto de Luis José Amoreira no Cântaro Zangado